L Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia 2023

Dados do Trabalho


Título

Hepatite autoimune grave após a primeira dose da vacina contra COVID-19: Relato de caso

Resumo

Introdução
A hepatite autoimune (HAI) é uma doença hepática de caráter necroinflamatório, cujos desencadeantes ainda não foram estabelecidos. Sua fisiopatologia pode ser decorrente da interação entre predisposição genética e agente externo (infecção, drogas ou toxinas). Nesse relato, descrevemos o caso de uma paciente, que após a vacinação contra COVID-19, apresentou diagnóstico de HAI.
Relato de caso
Paciente, sexo feminino, 60 anos, tabagista, com sobrepeso, e em uso de levotiroxina por hipotireoidismo, e penicilina benzatina, por coreia pós febre reumática, na infância. No início de maio de 2021, apresentou coriza, tosse e mialgia, não houve atendimento médico ou teste para COVID-19. Fez uso de Apracur® (clorfeniramina, dipirona e ácido ascórbico), ibuprofeno por 3 dias e amoxicilina por 5 dias, com melhora. Após 10 dias, recebeu a 1ª dose de vacina contra COVID-19 (AstraZeneca) e evoluiu 6 dias após com mal-estar, artralgia em cotovelos e joelhos, fraqueza em MMII e MMSS, urina escurecida e dor abdominal. Após 8 dias do início dos sintomas, procurou atendimento, onde foram constatadas icterícia, dor em hipocôndrio direito e hepatomegalia (fígado a 4 cm do rebordo costal). Exames mostraram alterações em função renal e hepática, aminotransferases elevadas, HbsAG negativo, IgG antiHBc total positivo, antiHBs com título >1000UI/ml e antimúsculo liso ≥ 1:160. Pontuou 13 no escore para HAI, com diagnóstico provável. Ressonância de abdome mostrou hepatopatia aguda, sinais de edema periportal e esteatose multifocal. A biópsia hepática não foi realizada, devido a INR elevado. Paciente evoluiu com piora clínica e uremia, necessitando de hemodiálise. Apresentou insuficiência respiratória aguda e choque hemodinâmico refratário. Foi a óbito 24 dias após o início dos sintomas.
Conclusão
A vacina contra COVID-19 pode ter atuado como gatilho para HAI nesse caso. É pouco provável que os medicamentos utilizados possam explicar a hepatite aguda grave e os desfechos observados.

Área

Outros

Autores

Déborah Batista de Sant'Anna , Gabriella Lopes Rezende, Gabriela Chiquete, Paula Alessi, Matheus Henrique Botaro, Stephanie Zago Geraldino, Laura Cardoso Bretini, Ana Claudia Rossini Clementino , Jorgete Maria e Silva , Marcia Villanova