Dados do Trabalho

Título

Imunossupressão materna e triagem neonatal para Erros Inatos da Imunidade

Resumo

Introdução: A triagem neonatal na cidade de São Paulo foi ampliada em 2021, e desde então realiza a dosagem de TRECs (T-cell recombination excision circles) e KRECs (kappa-deleting recombination excision circles) permitindo avaliar a quantidade de linfócitos T e B recentemente produzidos. Além de alguns EII, a dosagem de TRECs e KRECs alterada pode indicar prematuridade, doenças infecciosas e uso de imunossupressão maternas. O objetivo desse estudo foi avaliar o impacto da imunossupressão materna na triagem neonatal para EII.
Métodos: Estudo retrospectivo com revisão de prontuários físicos e online do período de março de 2021 até julho de 2023. As seguintes variáveis foram avaliadas: dosagem de TRECs e KRECs, uso de medicações imunossupressoras utilizadas pelas mães, diagnósticos de doenças maternas crônicas e mensuração de linfócitos T, B, naives e memória.
Resultados: Foram avaliados 218 pacientes com alteração de TREC e/ou KREC na triagem neonatal. Desses 2,2% (n=5) eram filhos de mães com lúpus eritematoso sistêmico (LES); 2,2% (n=5) de mães transplantadas renais e 0,9% (n=2) com as duas condições. Nos três cenários, as mães fizeram uso de medicações imunossupressoras durante a gestação. As principais drogas utilizadas foram azatioprina (83,3%), tacrolimus (58,2%), prednisona (66,6%) e hidroxicloroquina (41,2%). A principal alteração encontrada foi na dosagem de KREC, com mediana de 2, sendo o valor de referência normal acima de 20 cópias/uL.
Apesar desse resultado, em mais da metade dos pacientes (58,3%) havia presença de linfopenia T, com valores de CD3 entre 555 e 1020 cel/mm3, com recuperação para níveis adequados após três meses de avaliação.
Conclusões: A imunossupressão materna durante a gestação, seja pelo tratamento do LES, seja pelo transplante renal, acarreta em alterações significativas na triagem neonatal de KREC, entretanto, mesmo com TRECs normais, a linfopenia T foi verificada em mais de 50% dos pacientes.

Área

Imunodeficiências